segunda-feira, 28 de setembro de 2009

9ª CAMINHADA DOS MÁRTIRES TUPINAMBÁ.

Cerca de 900 pessoas participaram hoje, 27 de setembro de 2009, da nona edição da caminhada dos Mártires realizada pela comunidade Tupinambá de Olivença. Com saída da Igreja Nossa Senhora da Escada em Olivença percorrendo 09 kilometros até a praia do Cururupe.
O evento é uma memória de acontecimentos data dos da época de trinta. Dona Nivalda mãe da cacique Valdelice dizia na sua fala: “No dia 26 de setembro de 1937 aconteceu nas margens do (RIO CURURUPE), próximo a cidade de Ilhéus (BA), mais um grande massacre dos nossos antepassados, conhecido pelos mais velhos como:"A ULTIMA REVOLTA DO CABOCLO MARCELINO".Neste massacre, foram mortos vários parentes,e nunca se fez um julgamento para punir os culpados.
O movimento que ficou conhecido como "A REVOLTA DO CABOCLO MARCELINO" começou em 1929,conforme os mais velhos da aldeia, e o texto que se lê abaixo,extraído da dissertação de mestrado da Prof;Maria Hilda Paraíso: "OS INDIOS NA AREA DOS CORONÉIS DO CACAU" deixa claro o que aconteceu:
“A construção da ponte do rio Cururupe teve reflexos graves aos índios de Olivença...A reação dos "caboclo" de Olivença terminou em 1929,sob o comando de Marcelino, o seu LIDER. Argumentando a necessidade de recuperar as Terras perdidas e de expulsarem os atuais ocupantes da "antiga aldeia"...A reação(das autoridades da época) foi imediata,e em novembro de 1929 uma caravana de praças de policia e de inspetores de quarteirão deslocou-se para o (CURURUPE),iniciando a repressão aos revoltosos... O governo venceu e instalou-se a linha Ilhéus x Olivença,usando caminhões como veiculo...
A marcha lembra também o massacre ocorrido no século 16 quando a mando do governador Men de Sá, 06 kilometros de corpos de índios foram espalhados pelas praias do Distrito de Olivença.
Durante as falas das lideranças Tupinambá e dos outros povos indígenas presentes na caminhada, bem como seus aliados e parceiros, esta perseguição continua nos dias de hoje, os coronéis só mudaram de nome, bem como as formas de discriminação e do massacre. Algumas lideranças afirmaram: “Eles nos perseguem hoje como perseguiram ao Caboclo Marcelino e nossas lideranças do passado”, “e assim como estas nossas lideranças do passado fizeram devemos nós, ficarmos também unidos contra os nossos inimigos”. Não devemos descer ao nível deles, não queremos violência só queremos aquilo que é de direito nosso: Nossa Terra. Aqui os invasores são aqueles que chegaram depois de nossos antepassados e invadiram e violentaram o nosso povo”.
O Conselho Indigenista Missionário parabeniza o povo Tupinambá de Olivença pelo exemplo de resistência, e lembra que não é apenas uma caminhada de 09 anos, mas sim, de 509 anos de resistência e luta pela garantia de seus direitos.
Itabuna, 27 de setembro de 2009.
Conselho Indigenista Missionário

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