quarta-feira, 12 de junho de 2013

Escutar – atitude do Mestre e do Discípulo/a





“Marta, Marta!
Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas.
Porém, uma só coisa é necessária.
Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.”
[Lucas 10,41-42]


Estamos a caminho. Nosso horizonte é Jerusalém. Não podemos fugir. Deus nos deu a graça de fazer essa caminhada. Cheia de sinais. Cheia de vida. Cheia de cheiros. Nesse ano, vivendo o processo de revitalização das Pastorais da Juventude da América Latina e Caribe, caminhamos por Betânia. Esse mês, leva-nos a encontrar com Marta, Maria e com Jesus. Faz descobrir, com elas, que só uma coisa é necessária, é da essência. Mas, o que é necessário? Esta pergunta deve ser feita neste tempo de revitalização? O que é o necessário no serviço à juventude?

Contemplar este encontro entre Jesus, Marta e Maria provoca que nós, Igreja Jovem do Continente. Pensemos um elemento, que é extremamente necessário no serviço à juventude. A fala de Jesus nos desafia a pensar na ESCUTA. As Pastorais da Juventude tem escutado o Senhor? Tem escutado a Palavra? Tem escutado Deus falar nos/as jovens? Qual o espaço da escuta dentro das PJs? Os/as jovens tem sido escutados? Os assessores/as tem sido escutados? Os grupos de jovens tem sido espaço de escuta da vida da juventude? A Igreja tem escutado a juventude? A Igreja tem escutado os clamores juvenis? Estamos atentos ao essencial e necessário?
Todos/as nós precisamos ter alguém que nos escute. Mas, não uma escuta de faz de conta. Uma escuta com o corpo, com a vida. Uma escuta de acolhida, sem juízo, sem valor. Uma escuta incondicional. Para se colocar a serviço da escuta precisamos, inicialmente, estar a disposição para tal atitude. Mais do que uma atividade, isso é um “jeito de ser” de respeito e atenção ao outro e a outra.
Essa escuta aprendemos do Mestre. Aprendemos de sua humanidade e divindade. Aprendemos Dele e descobrimos com Ele, em Betânia, que a escuta é necessária. E seguindo-O devemos nos colocar a escutar os/as jovens. A fantástica obra Civilização do Amor – Projeto e Missão, o documento mais oficial da Pastoral da Juventude na América Latina, neste momento, ajuda-nos a compreender a dinâmica da escuta a partir de Jesus: “Jesus não só instrui, mas ensina a aprender. O discípulo vai se configurando com a ajuda da escuta e da ação [...]. A escuta do discípulo implica uma sequência de práticas: ouvir – fazer – guardar. A Pastoral Juvenil se configura com o Mestre se estiver em atitude de escutar, assimilar e por em prática as suas orientações. Este processo de escuta – ação é a imitação do Filho que escuta o Pai e realiza as obras queridas por Ele [n. 686].”
Talvez se esconda na ESCUTA o segredo da assessoria. Um bom assessor/a é quem se coloca a escutar. Igualmente esteja aí o segredo do grupo de jovens. Se o grupo é lugar de escuta da vida da juventude, o grupo se fortalece, cresce. Escutar os gritos da juventude onde moramos se trata do exercício inicial de qualquer atividade que fazemos em prol deles. Escutar, escutar...
Podemos dizer que é urgente a atitude de Maria para as Pastorais da Juventude em processo de revitalização: “sentou-se aos pés do Senhor e ficou escutando a sua Palavra” (Lucas 10,39). Tantas vezes nas ocupações diárias e em tantas acusações que chegam, podemos correr o perigo de não escutar o Mestre e escutar apenas aquilo que machuca, que dói. É preciso estar atentos. É preciso escolher a melhor parte. O exemplo dos profetas e dos mártires nos engrandece. O sangue derramado e as falsas acusações são parte integrante daqueles que se dedicam a escutar sem medida o grito dos caídos.
Betânia nos convoca à Escuta. O Senhor nos envia a Escutar. Aceitamos esse convite-envio?
Com o cheiro nem sempre agradável da escuta, caminhamos, na certeza de que um dia não haverá mais morte e extermínio de jovens.

Pe. Maicon André Malacarne – Assessor da PJ na Diocese de Erexim/RS

Luis Duarte Vieira – Militante da PJ e noviço admitido à Companhia de Jesus


JG JUVENTUDE EM FEIRA DE SANTANA
Hoje, 12/06/2013, no encontro das religiosas que participam do GT JUVENTUDES em Feira de Santana fomos agraciadas com uma reflexão de Ir. Josefina T.I.S. da congregação das irmãs do Sagrado Coração de Jesus atualmente morando em Santo Estevão, a qual nos ajudou a refletir o texto de Lc 10,38-42, situado logo após a passagem do bom samaritano. Lucas quer ajudar a comunidade a perceber que o agir, na mística do discipulado, deve acontecer a partir de um centro, não na correria e na dispersão. O encontro de Jesus com as duas mulheres, Marta e Maria se dá na casa, no espaço interior, comunidade. Marta e Maria duas caras da mesma moeda: Jesus está centrado em servir, nos convida a servir centradas Nele. Maria não só está escutando, mas está no seu centro, seu agir é de outra qualidade. Quando estou centrada caminho com o centro que está em mim. Marta é convidada a centra-se e ela é modelo que aprende com Jesus e se põe a servir a mesa, (Jo 12,2); proclama a sua fé: “creio Senhor, que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”(Jo 11,27). Este evangelho nos desafia a conviver, a ESCUTAR, a ajudar a jovem a encontrar o seu centro, a entrar em sua casa interior e a sair. O serviço é movimento do Espírito que ajudou o samaritano (passagem que antecede a de Marta e Maria) a sair do seu centro para agir com compaixão. É o desafio para o espaço da juventude. Leva para a escuta no agir. Desafio de sair de nós mesmas a conhecer, se aproximar, permanecer. Jesus queria estar com elas e sente com o outro. Aprende com Marta a lavar os pés. O centro de Maria não está nela mesmo, mas em Jesus. Não se cansa inutilmente. Esse evangelho nos convida a avaliar a qualidade do nosso serviço e permanecer em Jesus, integrando essas duas dinâmicas em nossa vida. A ajudar a jovem a ir à sua casa interior e por-se à serviço da outra/o. O encontro de Marta, Maria e Jesus se dá na casa, na escuta da outra, desarmado, sem cobranças, permitindo que a outra seja ela mesma. Realiza o encontra-se de verdade.O que desejamos experimentar em nossas fraternidades? Ter o equilíbrio da casa – aconchego, espelhar isso em nossas casas, onde a jovem se sente em casa, se sente acolhida. Jesus se sentiu em casa.  Nossas fraternidades são Betânias onde as jovens se sentem em casa?  São espelho de relacionamento fraterno?  Somos convidadas a por a nossa vida a serviço do povo, porque não colocar também os nossos bens a serviço?  Por que não emprestar algo nosso para ajudar os jovens a bem realizar o seu encontro? Temos o exemplo de nossas mães: são capazes de repartir tudo o que tem. Nós, quanto mais temos menos queremos partilhar. Será que não está na hora de mudar? Iria Minosso